Do assassinato à prisão do filho: tudo o que se sabe sobre o caso professora Soraya

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) trouxe, nessa sexta-feira (25), novas respostas sobre o caso
professora Soraya Tatiana
. A ação resultou na
prisão de Matteos França Campos
, de 32 anos, que é filho dela.

O crime ocorreu entre 17h e 19h30 de sexta-feira (18). O corpo da professora, que atuava no Colégio Santa Marcelina, em Belo Horizonte, foi
encontrado sob um viaduto da cidade de Vespasiano
, na região Metropolitana da capital.

Ao revelar o suposto desaparecimento da mãe, Matteos contou à polícia que ela deixou de ir a uma festa, pois estava passando mal. Ele, por sua vez, havia
viajado para a Serra do Cipó
e se preocupou ao não conseguir falar com ela.

Por conta disso, Matteos pediu que uma tia fosse até o endereço, e ela não encontrou Soraya no local. Ele então pediu que alguém arrombasse o imóvel e retornou da viagem teoricamente preocupado. No mesmo dia, o corpo de Soraya foi encontrado.

Após cinco dias de investigação, a polícia – que ainda aguarda o resultado de laudos periciais – determinou a prisão temporária de Matteos que tem validade de 30 dias e pode ser prorrogada por mais 30. Veja tudo o que se sabe.

Prisão do filho

Ana Paula Rodrigues de Oliveira, do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), explicou porque Matteos foi preso.

“A suspeição recai em decorrência de todas as investigações e, para a proteção das diligências que estão sendo realizadas, o resguardo de tudo o que tem sido feito, fez-se necessária a prisão neste momento. E, inclusive, ele confessou os fatos nesta ocasião”, destacou.

Ele foi preso na casa do pai. “Foi uma prisão tranquila. Em momento nenhum ele reagiu. A família ficou desorientada, penso eu, que eles não estavam acreditando. Até então, ele era um contribuinte. Efetuamos a prisão, ele não resistiu, veio com a gente, esperou o momento de busca, aceitou fazer a confissão.”

Matteos diz que ninguém da família e do seu círculo social sabiam do crime.

Motivação do crime

Matteos
alega ter agido sozinho
. “A motivação teria sido uma discussão acalorada ocorrida no dia 18, sexta-feira, por questões financeiras. Ele se encontrava com muitas dívidas e, em razão disso, afirmava estar atordoado”, esclarece e delegada.

“Ele participava de jogos de apostas na internet. São questão que levaram a um colapso financeiro […] Ele alega que teve um surto no momento”, acrescentou. Matteos disse, ainda, que as discussões eram frequentes por conta disso. Nenhum vizinho escutou a briga.

A polícia ainda apura as afirmações de Matteos, que também teria empréstimos consignados e
muitas dívidas
. “Isso tudo vai ser confirmado com os bancos”, diz.

Como Soraya foi morta

“Ele afirma que foi dentro de casa, como disse, não temos a causa morte, a necrópsia não está concluída. Não temos isso de forma materializada tecnicamente”, aponta a delegada.

“Ele informa que, quando as discussões avançaram ali, eles se levantaram e um foi em direção ao outro, quando ele acabou realizando o enforcamento”, completa.

Soraya havia sido encontrado com queimaduras entre as pernas, o que precisa ainda ser esclarecido. Porém, sobre a possibilidade de violência sexual, ela explica que não existem indicações de que tenha ocorrido. “Não foi encontrado nenhum laudo pericial que indicasse que teve algum tipo de abuso”.

A polícia ainda aguarda o laudo de local e de necrópsia para esclarecer a causa da morte. “Nós temos algumas hipóteses, e elas podem ser confirmadas ou não. Assim que o laudo ficar pronto nós vamos ter tempo de morte e causa de morte oficial”.

Dinâmica do crime

O crime ocorreu na sexta-feira (18). “Ele disse que saiu de casa com o carro da mãe, foi até o local dos fatos, deixou o corpo da mãe e voltou para a sua residência”. Foram cerca de 2h30 entre o crime e a desova do corpo. Matteos conta ter
transportado o corpo da mãe dentro do porta-malas
.

Sobre o crime ter sido premeditado, a polícia esclarece: “Só vai ser respondido no final das investigações, tem outros pontos a serem esclarecidos. Ainda trabalhando com as duas possibilidades: ou que o fato, em decorrência da briga inicial, gerou o estopim e ele resolve praticar o crime e depois tenta minimizar a consequência. Segunda possibilidade é que foi premeditado. Trabalhamos com as duas ainda, uma mais forte que a outra, mas no decorrer das investigações isso será esclarecido.”

Sobre a possibilidade de arrependimento, a polícia destaca: “É uma informação meio subjetiva e difícil. Posso dizer que ele se predispôs a contar a verdade, por livre e espontânea vontade, e isso pode ser um arrependimento. Mas não consigo afirmar psicologicamente se seria.”

Viagem à Serra do Cipó

Sobre a viagem, a polícia explica que ela já estava marcada com amigos. “Foi posterior aos fatos. Ele alega que essa viagem já estava previamente agendada.”

Matteos viajou às 20h20, horas após o crime. “Neste momento, o corpo dela já se estava onde provavelmente foi encontrado”, afirma a polícia.

Próximos passos da investigação

“Continuaremos com as diligências investigativas para o fim de concluir da melhor forma o relatório, com todas as causas, circunstâncias, qualificadoras, tudo que foi apurado durante a investigação e, principalmente, com a conclusão de todos os laudos iniciais que vão materializar muitas questões técnicas que temos discutido nesse momento”, diz.

A previsão é de que os laudos finalizem antes do período de prisão temporária.

A polícia revelou, ainda, estar com todas as imagens de câmeras de segurança anteriores ao horário em que o filho de Soraya viaja para a Serra do Cipó. “Temos imagens, não serão citadas e nem divulgadas ainda. Temos informações boas nestas imagens”, destaca.

Ainda nessa sexta, durante buscas e apreensões, a polícia não localizou o celular de Matteos. Tudo que foi coletado está sob sigilo, e o carro de Soraya ainda está sendo periciado.